
Ir à exposição “Nirvana: Taking punk to the masses” (Nirvana: levando o punk para as massas) foi como revisitar a minha adolescência . A exposição começou no dia 12 e fica no Lounge Bienal, no Parque Ibirapuera.
Chegando ao local, que por sinal fica escondido e mal sinalizado, parei e pensei que a poucos minutos seria o mais próximo que poderia chegar da banda que foi responsável pelo meu gosto musical. A exposição fica no subsolo e, ao entrar, a primeira coisa que eu e minha namorada nos deparamos foi com uma enorme foto do Kurt Cobain. Alguns banners estavam expostos representando flyers da época.

Enfim, vamos ao que realmente interessa. Em uma das salas demos de cara com a bateria de Dave Grohl em uma cúpula de vidro. O que impressiona são as marcas de desgaste das baquetas que ainda estão visíveis, dando aquela sensação da energia liberada e descarregada no instrumento. Essa sensação continua no baixo do Krist Novoselic e em uma guitarra toda detonada que pertenceu a Kurt Cobain, ambas em redomas de vidro. Neste mesmo local é possível ver um desenho feito por Kurt Cobain emoldurado.
A exposição é repleta de informações sobre a banda e seus integrantes. Muitos tablets e telas que podemos interagir. De fundo é possível ouvir barulhos de distorções de guitarra que completam o clima do ambiente. Em seguida estão itens pessoais dos membros da banda, como camisetas de Novoselic, baixo, cartas escritas à mão, fitas K7, uma infinidade de fotos raras e pessoais, letras de músicas também escritas à mão, credenciais, cheques e muitos setlists usados em shows, alguns sujos com marcas de tênis. Uma coisa que me chamou bastante a atenção foi uma sequência de fotos de Kurt empunhando um crucifixo e exorcizando clientes do McDonalds!

O próximo item que vemos, em cima de cases de amplificadores, e está ali imponente, é a estátua da turnê do “In Utero”, aquela estátua sem cabeça e asas de anjo que o Kurt decepou com a guitarra no “Nirvana Live and Loud”.
Ao passar pela estátua, talvez os artefatos que mais chamam a atenção, em uma vitrine, são alguns pertences pessoais do Kurt Cobain. Guitarras inteiras e quebradas; camisetas, blusa e um amplificador; outra estátua do “In Utero”. Tudo isso acompanhado de mais setlists, flyers originais e capas de disco. Neste momento não tem como descrever a emoção de quem é realmente fã. Itens memoráveis que me traziam a lembrança de tantos shows, entrevistas e vídeos que vi em toda minha vida. Logo na sequência estão expostos o violão usado por Pat Smear e o baixolão usado por Krist Novoselic no “Nirvana MTV Unplugged in New York”.

Passamos também por uma sala temática do “Unplugged”, com castiçais, velas e uma tv passando documentários sobre a banda. Para quem quiser se arriscar também tem uma sala de karaokê e um local para tirar uma foto igual a da capa de “Nevermind”, aquela com o bebê nadando atrás do dinheiro. Foi este disco o responsável por mostrar a banda para o mundo. Tem ainda uma réplica enorme da icônica guitarra Fender com o adesivo escrito “vandalism beautiful as a rock in a cops face” (vandalismo é tão bonito como uma pedra na cara de um policial).
Enfim, visitar esta exposição é uma experiência memorável pra quem curte a banda e não teve a oportunidade de assistir um show, assim como eu. Todo aquele clima faz você voltar no tempo e resgatar lembranças da época em que se tinha que esperar passar um clipe na tv, gravar fitas K7 com músicas raras, comprar cds, discos e ter o maior ciúmes de tudo isto. Uma época boa em que tudo não era tão acessível e descartado como hoje em dia!
Texto e fotos: Alexandre Gomes